segunda-feira, 18 de julho de 2011

Sirkis conta como entrou na Luta Armada contra a Ditadura

Sirkis conta como entrou na

Luta Armada contra a Ditadura

Alfredo Sirkis treinando na clandestinidade - luta armada - guerrilha

Sirkis treinando na clandestinidade

Alfredo Sirkis pode ser considerado um homem de muita sorte. Pois, foi um dos poucos militantes das organizações de Esquerda armada que lutaram contra a ditadura que não foi ferido, torturado ou preso. Sirkis participou de um dos grupos de Esquerda mais procurados do país, a VPR, de Carlos Lamarca. Seu livro, Os Carbonários, é ótimo para quem gostaria de entender como funcionavam as organizações clandestinas daquele período. No trecho abaixo ele conta como foi sua entrada para a guerrilha; a dor ao saber da morte dos companheiros e como escapou de uma blitz da OBAN.

JUVENAL E AS FERRAMENTAS

Tinha quase um metro e noventa. Desengonçado, braços muito compridos, magro, com uma discreta barriguinha que lhe estufava a camisa à frente. Meio curvado, tinha uma cara como que talhada em madeira: nariz reto e pontiagudo, maçãs e queixo salientes, olhos escuros e um bigode negro, elegante, da mesma cor do cabelo, onde já apareciam, aqui e ali uns fios prateados. Tinha uns quarenta anos.

Mineiro, muito tímido, jeito de filho de pastor protestante, que realmente era. Tratava todo mundo de professor e tinha um fino senso de humor, às vezes pouco perceptível, Nada poderia corresponder menos à imagem que tínhamos do famoso Juvenal-grande-quadro-da-organização. Passada a primeira decepção de quem esperava um atlético Che Guevara, terminamos nos afeiçoando muito ao bom mineirão.

Era muito procurado pela polícia, mas tinha o ar menos suspeito desse mundo, Rodava pela cidade, de ponto em ponto, com seu volks bege clarinho, e sempre nos recebia, naquele posto de comando ambulante, com o mais terno dos sorrisos:

— Como vai professor, tudo bem?

Alex se ligou a ele de tal maneira, que passou a tratar todo mundo de professor, a cometer os mesmos erros de dicção — pobrema em vez de problema, e outros — e a usar algumas das suas expressões, particularmente aquela com a qual, candidamente, evitava todos os palavrões: “é fogo, velho”.

Juvenal, junto com a companheira, Lia, tinha organizado a COLINA no Rio e acompanhara os sargentos Lucas e Viana nas suas primeiras ações. Tinha sido da direção da VAR, mas declinara de participar do comando nacional da VPR, que na época era composto apenas de três pessoas: Lamarca, Jamil e Lia. Preferiu assumir a formação da segunda unidade de combate da organização no Rio. A primeira, o Comando Lucas, formado dos veteranos dos GTAs da velha VPR e da COLINA, operava freqüentemente. Naqueles dias tomara um posto da Aeronáutica, perto da Av. Brasil, capturando três fuzis M-1 e algumas fardas.

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